FIGURAS DE LINGUAGEM. A linguagem, por ser uma atividade intelectual, é exclusiva do homem; ao pronunciar uma palavra, o homem está expressando um determinado estado mental. Entretanto, para que a linguagem cumpra sua função social no processo de comunicação, é necessário que as palavras tenham um significado, ou seja, que cada palavra represente um conceito. O homem tem imaginação criadora e a usa freqüentemente. Dessa forma, na linguagem humana, uma mesma palavra pode ter seu significado ampliado, remetendo-nos a novos conceitos por meio de associações, dependendo de sua colocação numa determinada frase.
Em resumo: Figuras de Linguagem são desvios das normas gerais da linguagem. São recursos especiais utilizados na comunicação. Segundo José de Nicola e Ulisses Infante, elas podem ser divididas em três grupos: Figuras de Construção ou de Sintaxe; Figuras de Pensamentos e Figuras de Palavras.
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO:
ELIPSE: (do grego élleipsis, “omissão”) e ZEUGMA: (do grego zeûgma, junção”). Elipse é a omissão de uma palavra subentendida; Zeugma é a elipse em que o termo subentendido já apareceu anteriormente.
Exemplos:
Morreu, mas ressuscitou. (elipse)
Jesus morreu, mas ressuscitou. (zeugma)
ASSÍNDETO e POLISSÍNDETO: Assíndeto: ausência absoluta de conjunções coordenativas entre as frases coordenadas; Polissíndeto: uso exagerado de conjunções coordenativas entre as frases coordenadas.
Exemplos:
Ela chegou, entrou, deitou e dormiu. (construção normal)
Ela chegou, entrou, deitou, dormiu. (assíndeto)
Ela chegou e entrou e deitou e dormiu. (polissíndeto)
PLEONASMO: (do grego pleonasmós, “superabundância”). É o emprego de duas expressões que comunicam a mesma idéia, dentro de uma mesma frase.
Exemplos:
Amai-vos uns aos outros. (pleonasmo culto)
Antônio subiu prá cima. (pleonasmo corriqueiro)
REPETIÇÃO: É a repetição de um termo, como recurso estilístico.
Exemplo:
“Cheguei. Chegaste. Vinha fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinha a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...” (Olavo Bilac)
ANÁFORA: (do grego ana, “repetição” + phorá, “que conduz”, “que leva”). É a repetição intencional de uma palavra.
Exemplo:
Não troque de cara, troque de ótica, troque seus óculos na Fotótica.
HIPÉRBATO: (do grego hipérbaton, “inversão”, “transposição”). É a forma de construção em que se invertem as posições dos elementos da frase.
Exemplos:
Eu morei em Brasília um ano. (construção normal)
Um ano eu morei em Brasília. (hipérbato)
ANACOLUTO: (do grego anakolouthon, “sem seguimento”, “sem ligação”, “sem conseqüência”). É a mudança brusca da forma de construção de uma frase.
Exemplos:
Eu dei o livro ao meu irmão. (construção normal)
O livro eu o dei ao meu irmão. (anacoluto)
ALITERAÇÃO: Consiste na repetição de fonemas para surgir um som.
Exemplo:
“A br|isa do Br|asil b|eija e b|alança.” (Castro Alves)
“Pedr|o p|e|drei|ro p|enseiro es|per|ando o tr|em
Que já v|em, que já v|em, que já v|em...” (Chico Buarque)
FIGURAS DE PENSAMENTO:
EUFEMISMO: (do grego euphemismós, “dizer bem”, “dizer agradavelmente”). É o uso de uma palavra ou expressão mais branda do que a original.
Exemplos:
Ambrósio morreu. (construção normal)
Ambrósio passou desta para a melhor. (eufemismo)
ANTÍTESE: (do grego anti, “contra” + thesis, “afirmação”). Antítese é o uso de contrários não simultâneos; OXÍMORO é o uso de contrários simultâneos, considerados sob aspectos diferentes; PARADOXO é o uso de contrários simultâneos e considerados sob o mesmo aspecto.*
Exemplos:
Ora sofria, ora gozava. (antítese)
Ser mãe é padecer no paraíso. (oxímoro)
Um mudo me contou isso. (paradoxo)
IRONIA: (do grego eiróneia, “interrogação”). É o emprego de uma expressão para comunicar exatamente o contrário do que ela significa.
Exemplos:
Foi tão desonesto que enriqueceu às custas do Estado. (normal)
Foi tão honesto que enriqueceu às custas do Estado. (ironia)
HIPÉRBOLE: (do grego hyperbolè, “lançar sobre”). É a exageração do sentido de uma expressão.
Exemplo:
Maria chorou um rio de lágrimas quando soube que seu pai morreu.
GRADAÇÃO: É a utilização de uma seqüência progressiva de sinônimos.
Exemplo:
Ele estava satisfeito, feliz, exultante.
PROSOPOPÉIA: (do grego prosopopoiía, “personificação”). É a atribuição de características humanas a outros seres.*
Exemplo:
As plantas se alegram com a chegada da primavera.
APÓSTROFE: (do grego apostrepho, “desvio”). Figura que consiste em interromper a frase para se invocar alguém ou algo.
Exemplo:
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós,
Das lutas, na tempestade,
Dá que ouçamos tua voz...” (Osório Duque Estrada)
FIGURAS DE PALAVRA:
METÁFORA: (do grego meta, “mudança”, “alteração” + phora, “transporte”). É uma comparação sem a presença da conjunção comparativa.*
Exemplos:
Iracema, a virgem dos lábios doces como o mel. (comparação)
Iracema, a virgem dos lábios de mel. (metáfora)
METONÍMIA: (do grego metonymia, “além do nome”, “mudança de nome”). É a troca de uma palavra por outra a ela relacionada.*
Exemplos:
Adoro ler os livros de Paulo Coelho. (construção normal)
Adoro ler Paulo Coelho. (metonímia)
Neste caso, cita-se o autor em vez da obra.
Eu vivo do dinheiro que ganho com o meu trabalho. (construção normal)
Eu vivo do meu trabalho. (metonímia)
Neste caso, cita-se a causa em vez do efeito.
Não tenho nenhuma moeda de níquel. (construção normal)
Não tenho nenhum níquel. (metonímia)
CATACRESE: É a utilização de uma palavra para denominar uma coisa semelhante ao objeto do seu significado original
Exemplos:
Minha perna está doendo. (construção normal)
A perna da mesa está suja.(catacrese)
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SINESTESIA: É a atribuição de uma qualidade percebida por um determinado sentido a alguma coisa que só pode ser percebida por outro sentido.*
Exemplos:
Essa é uma música quente.
NOTA: a música é percebida pela audição, o que é quente percebe-se pelo tato. PORTANTO: em sentido próprio, uma música não pode ser quente.
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NICOLA. José de, & INFANTE. Ulisses,. Gramática Contemporânea da Língua Portuguesa. Editora Scipione. São Paulo. 1989.
* Cf.: Figuras: Comentados
Muito bom, obrigado!
ResponderExcluirvalew galera ajudou bastante ! tks ;D
ResponderExcluirAssim fica fácil de lembrar ! que bom rsrs
ResponderExcluirpersonificação (prosopopéia)
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