sexta-feira, 17 de julho de 2009

Literatura Brasileira: Capítulo 3

A TRAMA DO KITSCH. Diz-se que o artista pratica o Kitsch quando mistura formas e truques com intenção de impressionar o apreciador. O contrário do Kitsch é o trabalho espontâneo criativo, que nasce de uma intuição original do artista. O Kitsch e suas astúcias são uma das bases ideológicas da indústria cultural. Ele revela a inconsciência do valor humano e moderador da arte. Seu objetivo é ostentar, provocar admiração, através de certos efeitos previa-mente estudados. E provocar efeitos, sugerir conotações prestigiosas disso e daquilo, também era a finalidade do Parnasianismo. Um exemplo disso foi o poeta parnasiano Olavo Bilac.

A POESIA BRASILEIRA DO SÉCULO XIX. Em 1865 é publicada em Paris, a revista mensal “Parnasse Contemporain” – na Livraria do Editor Lemerre entre os literatos estavam: Verlaine, François Goppée, Lemoyne admiradores de Victor Hugo e Théophile Gauthier (que abandonou o Romantismo) - “A poesia sem arte, sem o capricho da forma, não era poesia.” Seus traços de relevo, o gosto da descrição nítida (a mimese pela mimese), concepções tradicionalistas sobre o metro, ritmo, rima e o ideal da impessoalidade que partilhavam com os realistas do tempo.

O Parnasianismo surge como uma estética literária de caráter exclusivamente poético. Parnasse origina-se de Parnassus, região montanhosa da Grécia onde, segundo a lenda, moravam os poetas e habitava Apolo o deus das artes e das musas. É na convergência de idéias dos anti-românticos, como a objetividade no trato dos temas e o culto da forma, que se situa a poética do Parnasianismo. O Parnaso legou aos simbolistas a paixão do efeito estético.

A obsessão pela forma constitui o principal traço do Parnasianismo “Arte pela Arte” – a posição do poeta como artesão, alguém que despreza o mármore de Carrara preferindo as pedras raras – polir, aperfeiçoar o verso de modo a torná-lo “claro como cristal”.

É curioso notar que o Parnasianismo só conseguiu êxito na França e no Brasil. Mesmo no contexto da poesia romântica, as imagens de Victor Hugo já eram fortes e vivas que as de Lamartine e foi a arte visual do “Châtements” que seduziu Théophile Gauthier e Baudelaire e os ensinou a superar os chavões do Ultra-Romantismo.

Os parnasianos foram atacados, recebendo o nome de cinzeladores, pois com toda a paciência, lapidaram os versos, pelo seu exagero apuro na metrificação.

O PARNASIANISMO NO BRASIL. A reação do Parnasianismo com o sentimentalismo dos versos românticos inicia-se no Brasil desde os anos 60, por influência da “Questão Coimbrã e da conseqüente publicação de obras realistas como ‘Visão dos Tempos’ (1864) de Teófilo Braga” e Antero de Quental (1864). A definição do Parnasianismo no Brasil se deu na década de 80, sob a influência da poesia francesa, com poetas de talento como Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, fiéis seguidores da “Arte pela Arte” de Théophile Gauthier.

Em 1888 a Lei Áurea coincide com a estréia literária de Olavo Bilac. No ano seguinte, houve a queda do regime Imperial com a Proclamação da República. Um ano após a Proclamação da República, instalou-se a primeira Constituição e, em fins de 1891, marechal Deodoro dissolve o Congresso e renuncia ao poder, sendo substituído por Floriano Peixoto.

Nas duas últimas décadas do século XIX na Europa mostram uma sociedade apoiada principalmente em duas classes sociais: em uma classe capitalista e a outra, classe média em crise. O intenso progresso científico e tecnológico não conseguiu esconder uma profunda crise que atingia o continente. A Grande Depressão (1873-1896) período de intranqüilidade quanto aos rumos da economia.

Em 1866, o poeta Jean Moréas divulgou um manifesto lembrando que o termo simbolista era a única capaz de designar as tendências artísticas da época. A partir daí, o novo estilo difundiu-se pela Europa: o Simbolismo.

Cf. Poesia e sua Composição (Métrica)

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