segunda-feira, 27 de julho de 2009

Figuras de Linguagem

FIGURAS DE LINGUAGEM. A linguagem, por ser uma atividade intelectual, é exclusiva do homem; ao pronunciar uma palavra, o homem está expressando um determinado estado mental. Entretanto, para que a linguagem cumpra sua função social no processo de comunicação, é necessário que as palavras tenham um significado, ou seja, que cada palavra represente um conceito. O homem tem imaginação criadora e a usa freqüentemente. Dessa forma, na linguagem humana, uma mesma palavra pode ter seu significado ampliado, remetendo-nos a novos conceitos por meio de associações, dependendo de sua colocação numa determinada frase.

Em resumo: Figuras de Linguagem são desvios das normas gerais da linguagem. São recursos especiais utilizados na comunicação. Segundo José de Nicola e Ulisses Infante, elas podem ser divididas em três grupos: Figuras de Construção ou de Sintaxe; Figuras de Pensamentos e Figuras de Palavras.

FIGURAS DE CONSTRUÇÃO:

ELIPSE: (do grego élleipsis, “omissão”) e ZEUGMA: (do grego zeûgma, junção”). Elipse é a omissão de uma palavra subentendida; Zeugma é a elipse em que o termo subentendido já apareceu anteriormente.

Exemplos:

Morreu, mas ressuscitou. (elipse)

Jesus morreu, mas ressuscitou. (zeugma)

ASSÍNDETO e POLISSÍNDETO: Assíndeto: ausência absoluta de conjunções coordenativas entre as frases coordenadas; Polissíndeto: uso exagerado de conjunções coordenativas entre as frases coordenadas.

Exemplos:

Ela chegou, entrou, deitou e dormiu. (construção normal)

Ela chegou, entrou, deitou, dormiu. (assíndeto)

Ela chegou e entrou e deitou e dormiu. (polissíndeto)

PLEONASMO: (do grego pleonasmós, “superabundância”). É o emprego de duas expressões que comunicam a mesma idéia, dentro de uma mesma frase.

Exemplos:

Amai-vos uns aos outros. (pleonasmo culto)

Antônio subiu prá cima. (pleonasmo corriqueiro)

REPETIÇÃO: É a repetição de um termo, como recurso estilístico.

Exemplo:

“Cheguei. Chegaste. Vinha fatigada

E triste, e triste e fatigado eu vinha.

Tinha a alma de sonhos povoada,

E a alma de sonhos povoada eu tinha...” (Olavo Bilac)

ANÁFORA: (do grego ana, “repetição” + phorá, “que conduz”, “que leva”). É a repetição intencional de uma palavra.

Exemplo:

Não troque de cara, troque de ótica, troque seus óculos na Fotótica.

HIPÉRBATO: (do grego hipérbaton, “inversão”, “transposição”). É a forma de construção em que se invertem as posições dos elementos da frase.

Exemplos:

Eu morei em Brasília um ano. (construção normal)

Um ano eu morei em Brasília. (hipérbato)

ANACOLUTO: (do grego anakolouthon, “sem seguimento”, “sem ligação”, “sem conseqüência”). É a mudança brusca da forma de construção de uma frase.

Exemplos:

Eu dei o livro ao meu irmão. (construção normal)

O livro eu o dei ao meu irmão. (anacoluto)

ALITERAÇÃO: Consiste na repetição de fonemas para surgir um som.

Exemplo:

“A br|isa do Br|asil b|eija e b|alança.” (Castro Alves)

“Pedr|o p|e|drei|ro p|enseiro es|per|ando o tr|em

Que já v|em, que já v|em, que já v|em...” (Chico Buarque)

FIGURAS DE PENSAMENTO:

EUFEMISMO: (do grego euphemismós, “dizer bem”, “dizer agradavelmente”). É o uso de uma palavra ou expressão mais branda do que a original.

Exemplos:

Ambrósio morreu. (construção normal)

Ambrósio passou desta para a melhor. (eufemismo)

ANTÍTESE: (do grego anti, “contra” + thesis, “afirmação”). Antítese é o uso de contrários não simultâneos; OXÍMORO é o uso de contrários simultâneos, considerados sob aspectos diferentes; PARADOXO é o uso de contrários simultâneos e considerados sob o mesmo aspecto.*

Exemplos:

Ora sofria, ora gozava. (antítese)

Ser mãe é padecer no paraíso. (oxímoro)

Um mudo me contou isso. (paradoxo)

IRONIA: (do grego eiróneia, “interrogação”). É o emprego de uma expressão para comunicar exatamente o contrário do que ela significa.

Exemplos:

Foi tão desonesto que enriqueceu às custas do Estado. (normal)

Foi tão honesto que enriqueceu às custas do Estado. (ironia)

HIPÉRBOLE: (do grego hyperbolè, “lançar sobre”). É a exageração do sentido de uma expressão.

Exemplo:

Maria chorou um rio de lágrimas quando soube que seu pai morreu.

GRADAÇÃO: É a utilização de uma seqüência progressiva de sinônimos.

Exemplo:

Ele estava satisfeito, feliz, exultante.

PROSOPOPÉIA: (do grego prosopopoiía, “personificação”). É a atribuição de características humanas a outros seres.*

Exemplo:

As plantas se alegram com a chegada da primavera.

APÓSTROFE: (do grego apostrepho, “desvio”). Figura que consiste em interromper a frase para se invocar alguém ou algo.

Exemplo:

Liberdade! Liberdade!

Abre as asas sobre nós,

Das lutas, na tempestade,

Dá que ouçamos tua voz...” (Osório Duque Estrada)

FIGURAS DE PALAVRA:

METÁFORA: (do grego meta, “mudança”, “alteração” + phora, “transporte”). É uma comparação sem a presença da conjunção comparativa.*

Exemplos:

Iracema, a virgem dos lábios doces como o mel. (comparação)

Iracema, a virgem dos lábios de mel. (metáfora)

METONÍMIA: (do grego metonymia, “além do nome”, “mudança de nome”). É a troca de uma palavra por outra a ela relacionada.*

Exemplos:

Adoro ler os livros de Paulo Coelho. (construção normal)

Adoro ler Paulo Coelho. (metonímia)

Neste caso, cita-se o autor em vez da obra.

Eu vivo do dinheiro que ganho com o meu trabalho. (construção normal)

Eu vivo do meu trabalho. (metonímia)

Neste caso, cita-se a causa em vez do efeito.

Não tenho nenhuma moeda de níquel. (construção normal)

Não tenho nenhum níquel. (metonímia)

CATACRESE: É a utilização de uma palavra para denominar uma coisa semelhante ao objeto do seu significado original

Exemplos:

Minha perna está doendo. (construção normal)

A perna da mesa está suja.(catacrese)

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SINESTESIA: É a atribuição de uma qualidade percebida por um determinado sentido a alguma coisa que só pode ser percebida por outro sentido.*

Exemplos:

Essa é uma música quente.

NOTA: a música é percebida pela audição, o que é quente percebe-se pelo tato. PORTANTO: em sentido próprio, uma música não pode ser quente.

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NICOLA. José de, & INFANTE. Ulisses,. Gramática Contemporânea da Língua Portuguesa. Editora Scipione. São Paulo. 1989.

* Cf.: Figuras: Comentados

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