sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cantigas: Características


 CANTIGA D’AMIGO. [o “eu lírico” é feminino (fala constante da mulher)]. As cantigas de amigo, embora sofressem grande influência da estética provençal, origina-se de primitivas e monótonas poesias cantadas pelas mulheres portuguesas, na Idade Média. A cantiga de amigo é mais realista que a de amor. Nesta, o sentimento amoroso é idealizado e não se realiza. Já as cantigas de amigo partem de uma situação concreta, isto é, o amor já é conhecido da mulher que, geralmente, queixa-se de saudades do amigo ou amado, além de exprimir sua inquietação pela sorte de seu amor, dirigindo-se ou ao amado, ou a uma amiga, ou à própria mãe. Têm raízes no lirismo da própria península ibérica – presença do paralelismo, musicalidade; amor natural e espontâneo; ambientação popular: rural e urbana; influência provençal atenuada; lamento amoroso da moça cujo namorado partiu para a guerra (tema principal);

CANTIGA D’AMOR. [o “eu lírico” é masculino (fala constante do homem)]. A temática gira, sempre, em torno do chamado “amor cortês”: o poeta dirige-se à mulher amada, escondendo-lhe o nome e colocando-se diante dela como servo humilde diante de seu senhor. A mulher, fulcro das cantigas de amor, era idealizada como um ser sobrenatural, de olhar sereno e luminoso, cheia de dignidade e mansidão. Essas cantigas são, geralmente, vazadas em linguagem simbólica decorrente da teoria do amor cortês.
Embora sejam de origem provençal, tais cantigas, em Portugal, são mais sinceras, mais autenticas na expressão do sentimento do que as cantigas provençais que lhes deram origem.
As cantigas possuem variadas e às vezes complicadas formalismo estilístico, mais patente nas chamadas canções de maestria.
O amor, razão de ser das cantigas, situa-se sempre num plano superior, idealizado e espiritual, nunca chegando a concretizar-se, o que acarretaria o próprio fim do sentimento que dá origem a esse tipo de cantiga.
Paralelismo = consiste na repetição, em cada estrofe, de um mesmo verso da estrofe anterior, do qual se troca apenas a última palavra, substituída por um sinônimo, além da repetição, em pontos determinados, de um verso, já apresentado, sem nenhuma modificação.

As CANTIGAS D’ESCÁRNIO e DE MALDIZER. Caracterizam-se as primeiras por apresentarem uma crítica velada a pessoas ou costumes da época, usando uma linguagem que oferece dupla interpretação. Já nas segundas, isto é, nas cantigas de maldizer, o ataque à pessoa visada é direto: diz-se o nome da pessoa satirizada e as palavras com que o trovador se dirige a ela não admitem dupla interpretação.
Do ponto de vista lingüístico e social, as cantigas satíricas são de extraordinária importância, já que apresentam, a bem dizer, um retrato fiel de vários costumes e usos medievais, em linguagem popular, mais autêntica do que a das cantigas lírico-amorosas.
As sátiras do período medieval muitas vezes caem na mais grosseira obscenidade, usando linguagem baixa e vulgar.



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